A arquitetura bioclimática visa criar projetos mais harmônicos com a natureza, a fim de que a construção se integre ao clima e aos processos energéticos. Afinal são consideradas as condições locais, a parte energética e os materiais utilizados, em busca da qualidade de vida e bem-estar daqueles que habitam o imóvel.
Arquitetos, designers e engenheiros buscam utilizar os sistemas construtivos de maneira mais eficaz e desenvolver tecnologias que aprimorem o uso de recursos naturais, visto que essa área é uma das que mais prejudica o meio ambiente. As tendências arquitetônicas atuais se preocupam com a sustentabilidade, pois visam a economia e o melhor aproveitamento dos recursos naturais não só durante a construção, como em toda a vida útil do imóvel.
“As construções consomem de 50% a 75% dos recursos naturais do mundo, considerando todo o seu ciclo de vida.”
“Estima-se que 40% da energia mundial é consumida pelos edifícios.”
SustentArqui
Devemos priorizar nos projetos as estratégias passivas para condicionamento térmico. Que nada mais é aquilo que a própria natureza local nos oferece. Vamos falar de 3 grandes ações que fornecem esse tipo de estratégia e portanto são parte da arquitetura bioclimática, garantindo uma economia da energia gasta pelo edifício e aquele dia fresquinho, mesmo no verão!
1 – SOMBREAMENTO NA ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
VEGETAÇÃO
Locais que contam com arborização, podem ter 60% e 90% da radiação solar interceptadas, o que acarreta em uma diminuição considerável da temperatura do solo. Isto acontece porque a vegetação absorve essa parte da radiação solar para poder fazer fotossíntese. Além disso o movimento do ar entre as folhas remove boa parte do calor absorvido do sol.
Você pode também fazer o uso de cobertura verde que apresenta uma camada inferior de pedras sobre a laje, uma camada de terra e a camada vegetal. Ajudando a diminuir a transferência de calor entre o ambiente externo e o interno pela sua espessura e materiais, ao combinar a laje, a brita e a terra para o cultivo.
BRISES
Elemento colocado em janelas, ou na fachada que protege o ambiente da incidência da luz solar. O termo originalmente francês brise-soleil significa “quebra-sol”. Seu formato mais comum é em lâminas (aletas) e podem ser verticais ou horizontais, sendo que o primeiro é mais indicado para as fachadas leste-oeste e o segundo para fachadas norte. E a fachada sul? É a que menos recebe incidência do sol, então geralmente não se usam brises nela!
MUXARABIS E COBOGÓS
Muito parecidos entre si, os dois possuem a mesma função de facilitar a ventilação, mas permitindo uma certa privacidade, sua dimensão pode proporcionar mais ou menos iluminação. O muxarabi é de origem árabe-islâmica, enquanto o cobogó é um elemento vazado inventado no Brasil no século XX.
2 – VENTILAÇÃO NA ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
VENTILAÇÃO CRUZADA
A ventilação cruzada natural se dá quando as janelas do ambiente ou edificação são dispostos em paredes opostas ou adjacentes, permitindo assim que o ar entre saia. Dessa forma o ar fica renovando, o que diminui substancialmente a temperatura interna.
EFEITO CHAMINÉ
O ar frio exerce pressão sob o ar quente, o que força este a subir. As aberturas em diferente níveis permitem que o ar circule pelo ambiente, saindo pela cobertura, por meio de aberturas zenitais, por isso o nome “efeito chaminé”.
PEITORIL VENTILADO
Solução que facilita a ventilação cruzada, ao mesmo tempo que separa as funções de iluminação e ventilação. Sua localização que é logo abaixo da janela (no peitoril) o que também facilita o já citado efeito chaminé. A inclinação e a forma das aletas afetam a direção e intensidade ar. É importante pensar que o peitoril ventilado seja manejável para permitir o seu fechamento quando necessário.
FACHADA VENTILADA
Também conhecida como fachada dupla, é amplamente usada na Europa pelo alto conforto térmico que proporciona. Seu principio é a criação de um espaço de transição entre exterior e interior do prédio, que ao ser ventilado e não possuir a radiação solar direta diminui o ganho térmico interno. Seu sistema conta com juntas abertas, que permite que a criação de uma lâmina de ar na cavidade entre as duas fachadas.
3 – MATERIAS NA ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
TÉCNICAS VERNACULARES
Um dos princípios da arquitetura bioclimática é causar menos impacto no meio ambiente e proporcionar uma qualidade de vida melhor, além de valorizar a cultura e o local do edifício.
Uma vertente é o uso de técnicas vernaculares, ou seja a utilização da matéria-prima encontrada na própria região do edifício, assim como o uso de técnicas que são passadas de geração para geração, de acordo com a cultura do lugar. Como por exemplo a construção em adobe (tijolos feitos de barro e palha que secam ao sol). Esse tipo de construção proporciona um bom conforto térmico, pois respira e não gera mofo.
TECNOLOGIA E A ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
De outro lado a tecnologia pode nos auxiliar, um exemplo são as técnicas de construção em steel frame e wood frame, que evitam muito o desperdício e possuem bom conforto térmico. Assim como o uso de lâmpadas LED, que são mais duráveis e não aquecem.
CORES
Para regiões quentes, deve-se apostar nas tonalidades claras pois absorvem menos energia (calor) e refletem melhor a luz do sol, aumentando a eficiência energética.
Outra informação interessante e muito útil é que quanto mais transparente é o vidro, mais radiação solar (calor) pode entrar na estrutura. Portanto, áreas quentes pedem que a luz solar seja controlada para que a temperatura interna não suba demais. Sendo assim os vidros menos transparentes e com tratamento podem deixar o ambiente fresco, aliados a outras técnicas.
Se você se interessou por esse assunto, que tal dar uma olha no nosso post sobre Como a Arquitetura Influencia no Bem-Estar das Pessoas? A arquitetura tem um grande poder em nossas vidas, e pode melhorar sua qualidade de vida, busque um profissional para pensar o seu espaço, seja sua casa ou ambiente de trabalho!